Gabriel Medina é tricampeão e Tatiana Weston-Webb é vice-campeã mundial no Rip Curl WSL Finals
By WSL Latin America | 14 de setembro de 2021 | noticias, principal
LOWER TRESTLES, San Clemente, Califórnia (terça-feira, 14 de setembro) – O fenômeno Gabriel Medina é o sexto surfista da história a conquistar três títulos mundiais, sacramentando o pentacampeonato do Brasil com um show na decisão verde-amarela com Filipe Toledo nas boas ondas de 4-6 pés de Lower Trestles. na terça-feira em San Clemente, na Califórnia, Estados Unidos. O Rip Curl WSL Finals foi encerrado com Tatiana Weston-Webb tentando ser a primeira campeã mundial do Brasil. Ela tinha vencido a primeira da melhor de três baterias com Carissa Moore, mas a havaiana ganhou as outras duas e festejou seu quinto título no pódio, junto com o camisa 10 da seleção brasileira da WSL, Gabriel Medina.
“Estou muito feliz. Consegui atingir minha maior meta e estou chorando agora porque é uma mistura de muitas emoções de uma vez só”, disse Gabriel Medina, ainda dentro d´água, após a segunda vitória sobre Filipe Toledo. “Foi um ano longo e estou muito feliz por estar fazendo parte de tudo isso. Os brasileiros estão dominando, indo muito bem e é uma sensação muito boa, difícil até de descrever, poder ajudar nessa evolução e eles sempre me incentivam a melhorar cada vez mais também”.
Gabriel Medina entrou no seleto grupo de agora seis surfistas que conquistaram três títulos mundiais, mas é o primeiro goofy-footer (que usa o pé direito à frente da prancha) a conseguir isso. Todos os outros surfam com o pé esquerdo à frente da prancha, o onze vezes campeão mundial Kelly Slater, o tetracampeão Mark Richards e os tricampeões Tom Curren, Andy Irons (in memoriam) e Mick Fanning. Medina foi o primeiro brasileiro a ser campeão mundial em 2014, ganhou seu segundo título em 2018 e o terceiro sacramentou o pentacampeonato do Brasil. Adriano de Souza também foi o melhor do mundo em 2015 e Italo Ferreira em 2019.
“Estou muito feliz. Não é todo dia que você atinge sua meta, o seu sonho que parece ser impossível, até você conseguir”, disse Gabriel Medina, após ser carregado pela torcida que lotou a praia de Lower Trestles. “É um dia muito especial para mim e toda glória para Deus, que sempre me fez trabalhar forte e nunca desistir. Eu não falo muito bem, então tento deixar meu surfe falar por mim. Hoje foi um dia histórico na minha vida e vou poder contar para meu filho, quando tiver, que precisa surfar e se dedicar muito para ganhar um título”.
A decisão do título de 2021, em uma melhor de três baterias no Rip Curl WSL Finals, nem foi para o tira-teima. Isso porque Medina ganhou os dois primeiros duelos contra Filipe Toledo, que já tinha passado pelo californiano Conner Coffin e pelo medalhista de ouro, Italo Ferreira. Com a vitória sobre o potiguar, Filipe já confirmava o melhor ano da sua carreira, garantindo um inédito vice-campeonato mundial. Mas, ele usou todas as suas armas para conquistar o primeiro título. Só que Medina respondia cada ataque com uma performance ainda melhor.
DECISÃO DO TÍTULO – Os dois brasileiros deram um show no primeiro confronto da decisão, com cada um mostrando a potência do frontside e backside nas direitas e esquerdas de Lower Trestles. Filipe começou com nota 7,00 e Gabriel respondeu com 7,33 nas direitas. Depois, a batalha foi para as esquerdas e Filipe destruiu a onda com seu backside para ganhar 8,33. Medina fez o mesmo com seu frontside, finalizando com um aéreo muito alto que arrancou a maior nota do dia até ali, 9,00. Filipe ainda surfa outra direita boa, mas o 7,37 recebido não é suficiente para vencer e Medina larga na frente na decisão do título por 16,30 a 15,70 pontos.
Na segunda bateria, Filipe pegou a primeira onda, combinando aéreos com manobras de borda, para largar na frente com nota 7,83. Gabriel também começa numa direita, mas a esquerda que pegou depois foi melhor. Ela formou as rampas para ele mandar dois aéreos de frontside, um logo como primeira manobra, seguido por batidas e rasgadas, até voar de novo na finalização e assumir a ponta com notas 8,50 e 6,33. Quando restavam 18 minutos, a bateria foi interrompida com alerta de tubarões na área.
Os dois foram rapidamente resgatados pelos jet-skies e aguardaram cerca de 10 minutos para recomeçar a batalha do título. Medina pegou outra esquerda boa para voar e acertar um black flipp espetacular, voltando na base. Ele comemora e manda mais três manobras para ganhar nota 9,03. Filipe responde numa direita, fazendo rasgadas e batidas muito fortes que valem 8,53. Depois, não entrou mais ondas com potencial para Filipe reverter o placar de 17,53 a 16,36 pontos e ele abraçou Medina, parabenizando-o pelo tricampeonato.
Gabriel Medina falou um pouco sobre este novo formato para definir o campeão mundial, que a World Surf League inaugurou no Rip Curl WSL Finals: “Eu acho que a parte mental foi a mais difícil. Quando você fica na frente dos outros no ranking, acha que já deveria ter ganhado o título, mas vim aqui para surfar e se tiver que surfar mais para ganhar, eu vou surfar. Eu trabalhei forte antes de vir para cá e se tivesse que surfar seis baterias, eu estaria pronto para isso. É incrível ganhar o primeiro título disputado assim, especialmente com o Filipe (Toledo), que para mim é o melhor surfista nestas ondas de Trestles”.
Filipe logo chega para dar mais um abraço em Medina durante a entrevista e o tricampeão segue falando, emocionado: “Ele (Filipe) me deu os parabéns lá dentro e fora d´água também e a verdade é que sempre há muito respeito entre todos nós. Algumas pessoas pensam que somos rivais e até pode ser dentro d´água, mas eu respeito todo mundo. O Filipe, o Italo e todos que estão no Tour, são bons o suficiente para vencer também e eu aprendi que tem que respeitar a todos. A gente viaja pelo mundo inteiro e, mentalmente e emocionalmente, isso é muito difícil, então a gente se apoia com amor e amizade entre nós”.
Essa foi a segunda decisão de título mundial consecutiva entre dois brasileiros. A primeira foi em 2019, quando Medina tentava um inédito bicampeonato consecutivo, mas perdeu a final do Billabong Pipe Masters para Italo Ferreira, que ganhou seu primeiro troféu de melhor surfista do mundo. O potiguar era até favorito para repetir este confronto, depois de se tornar o primeiro medalha de ouro da história do surfe nas Olimpíadas e por ter ficado em segundo lugar no ranking das sete etapas do World Surf League Championship Tour 2021.
SEMIFINAL BRASILEIRA – Filipe tinha confirmado uma decisão brasileira quando barrou o californiano Conner Coffin na segunda bateria masculina do dia. Ele só conseguiu surfar duas ondas nos 35 minutos do confronto e foi preciso na escolha, para vencer por 16,57 a 14,33 pontos. Na semifinal contra Italo Ferreira, ele já mandou um aéreo na primeira onda e começou com nota 7,33, contra 5,17 do potiguar. A segunda onda do Italo foi maior e abriu para fazer uma série de batidas, rasgadas e até um floater de backside, enquanto Filipe usa sua variedade de manobras de borda progressivas e inovadoras.
As notas foram parecidas, 7,27 para o Italo e 7,07 para o Filipe, com o campeão mundial precisando de 7,14 para vencer. Filipe mostra seu arsenal em mais uma boa direita, iniciando com uma batida forte, seguida por rasgadas jogando a rabeta e finaliza com um rock´n roll slide, manobra inspirada no skate. Ele troca o 7,07 por 8,50 e abre 8,56 pontos de vantagem nos 10 minutos finais. Filipe ainda pega outra direita para fazer dois ataques muito fortes no pocket da onda e recebe 7,47, já garantindo um inédito vice-campeonato mundial, com a classificação para a decisão do título, por 15,97 a 12,44.
CONQUISTA INÉDITA – Na categoria feminina, Tatiana Weston-Webb também confirmou um vice-campeonato inédito para ela, quando venceu sua primeira bateria no Rip Curl WSL Finals, contra a número 3 do ranking 2021 da World Surf League, Sally Fitzgibbons. A gaúcha igualou o feito de outras duas brasileiras, Jacqueline Silva em 2002 e Silvana Lima em 2008 e 2009, mas tentou o primeiro título mundial do Brasil entre as mulheres. Ela começou bem, ganhando a primeira da melhor de três baterias contra Carissa Moore.
A havaiana logo achou uma direita que abriu uma longa parede para fazer uma série de manobras de frontside que valeram 8,33. Tatiana depois mostrou a potência do seu backside, com batidas verticais e rasgadas jogando água, para receber notas 7,33 e 6,93 em duas ondas seguidas. Com elas, assumiu a liderança e no último minuto destruiu mais uma onda boa, que valeu 7,87 para confirmar a vitória por 15,20 a 14,06 pontos da número 1 do ranking.
“Depois dessa bateria, vim caminhando na areia com uma crise de ansiedade, pensando que ia perder o título, mas, por sorte, tenho uma equipe muito boa e recebi grande apoio da minha família, amigos e especialmente meu marido. Ele olhou para mim e falou: se tem alguém que pode conseguir reverter isso, é você! Isso me tranquilizou”, contou Carissa Moore, já no pódio do Rip Curl WSL Finals, para receber o seu quinto troféu de campeã mundial.
VIRADA NA DECISÃO – Ela entrou mais concentrada na segunda bateria, quando Tatiana Weston-Webb já poderia conquistar o inédito título do Brasil. A havaiana abriu a bateria com uma onda muito boa, atacando forte os pontos mais críticos com seu frontside poderoso, para ganhar 8,93 dos juízes. A primeira da brasileira foi boa também e valeu 7,93, mas a havaiana logo responde com 7,67 para manter uma segura vantagem de mais de 8 pontos. Tati tentou a vitória no último minuto e conseguiu um 7,67. Mas, a havaiana já tinha somado 8,33 na última dela e venceu por 17,26 a 15,60 pontos, levando a decisão do título para a terceira bateria.
O tira-teima começou após 15 minutos da decisão masculina, devido a um novo alerta sobre nova presença de tubarões na área do evento. Carissa começou melhor de novo, numa onda que rendeu duas manobras fortes que valeram nota 7,00. A havaiana logo surfa muito bem outra direita boa para somar uma nota 8,00, até Tatiana conseguir mostrar a potência do seu backside agressivo, com batidas verticais, para entrar na briga do título com sua maior nota do dia, 8,03.
Só que a havaiana massacra mais uma longa direita com uma série incrível de manobras de borda abrindo leques de água, para receber 8,60. Com essa nota, Tatiana teria que conseguir quase isso para vencer, 8,58 pontos. Faltando 2 minutos, a brasileira pega a onda da virada, que abre um paredão para ela atacar com um batidão de cabeça pra baixo, emendar uma rasgada e fazer outra manobra forte na junção. Só que ela acaba caindo nessa finalização e a havaiana conquista o pentacampeonato por 16,60 a 14,20 pontos.
“Este ano foi incrível e essa foi a primeira vez que eu ganhei o título dentro d´água, competindo, então foi mais especial ainda por isso”, disse Carissa Moore. “O início foi meio assustador para mim hoje aqui, não foi do jeito que eu gostaria e, sem dúvidas, este novo formato gerou mais pressão e muito estresse. Mas, foi bom ter outras quatro ótimas surfistas aqui que respeito muito, a Stephanie (Gilmore), a Sally (Fitzgibbons), a Johanne (Defay) e a Tati (Tatiana Weston-Webb). Elas são muito talentosas, dedicadas, resilientes e quero dar os parabéns para todas, especialmente para a Tati, que fez uma batalha incrível comigo”.
RIP CURL WSL FINALS – DECISÃO DOS TÍTULOS MUNDIAIS DE 2021:
DECISÃO DO TÍTULO MASCULINO:
Campeão: Gabriel Medina (BRA) com 17,53 pontos – notas 9,03+8,50
Vice-campeão: Filipe Toledo (BRA) com 16,36 pontos – notas 8,53+7,83
1.a decisão: Gabriel Medina (BRA) 16,30 x 15,70 Filipe Toledo (BRA)
3.a bateria: Filipe Toledo (BRA) 15,97 x 12,44 Italo Ferreira (BRA)
2.a bateria: Filipe Toledo (BRA) 16,57 x 14,33 Conner Coffin (EUA)
1.a bateria: Conner Coffin (EUA) 15,00 x 9,84 Morgan Cibilic (AUS)
DECISÃO DO TÍTULO FEMININO:
Campeã: Carissa Moore (HAV) por 16,60 pontos – notas 8,60+8,00
Vice-campeã: Tatiana Weston-Webb (BRA) com 14,20 pontos – 8,03+6,17
2.a decisão: Carissa Moore (HAV) 17,26 x 15,60 Tatiana Weston-Webb (BRA)
1.a decisão: Tatiana Weston-Webb (BRA) 15,20 x 14,06 Carissa Moore (HAV)
3.a bateria: Tatiana Weston-Webb (BRA) 13.17 x 11.73 Sally Fitzgibbons (AUS)
2.a bateria: Sally Fitzgibbons (AUS) 11.33 x 6.66 Johanne Defay (FRA)
1.a bateria: Johanne Defay (FRA) 12.17 x 6.70 Stephanie Gilmore (AUS)
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