Medina é bicampeão do Fiji Pro batendo o líder do ranking na final
By João Carvalho | 17 de junho de 2016 | noticias
O campeão mundial Gabriel Medina surfou os melhores tubos que entraram nas três baterias que disputou na sexta-feira de ondas pesadas de 10-12 pés (3-4 metros) em Cloudbreak, para conquistar a primeira vitória brasileira na temporada 2016 do Samsung Galaxy World Surf League Championship Tour. O fenômeno de Maresias começou o último dia ganhando dois duelos de campeões mundiais, comAdriano de Souza e depois comandou o show contra Kelly Slater. E na grande final, bateu o número 1 do Jeep WSL Leader, Matt Wilkinson, para festejar o seu segundo título no Fiji Pro. Ao repetir o feito de 2014, Medina assumiu a vice-liderança no ranking das cinco etapas e a próxima começa em 6 de julho na África do Sul.
“É uma sensação incrível vencer aqui e estou muito feliz”, disse Gabriel Medina. “Eu só quero agradecer a Deus e minha família, minha namorada, meus amigos e todos que torcem por mim. Foi uma semana muito louca. Ficamos um tempão esperando por essas ondas e elas finalmente vieram. Só que hoje (sexta-feira) estava enorme e tomamos várias séries na cabeça, mas deu um monte de tubos também e foi um grande evento. Estou muito feliz”.
O início da decisão não foi como todos esperavam, com poucas ondas boas entrando para os dois finalistas. O lycra amarela não achou os tubos e acabou só surfando uma onda com manobras. Já o camisa 10 da “seleção brasileira” no CT, conseguiu um melhor posicionamento no mar para pegar dois tubaços seguidos que valeram notas 7,33 e 8,27. A vitória foi por uma massacrante “combination” de 15,60 a 6,34 pontos e a bandeira do Brasil voltou a aparecer nos pódios da World Surf League, novamente com Gabriel Medina fazendo a alegria da torcida que passou madrugadas em branco assistindo a etapa de Fiji.
“Estou muito cansado agora, mas eu tava guardando minha energia para essa final, porque eu sabia que ia ser muito difícil”, continuou Gabriel Medina, que é companheiro de equipe do australiano. “O Wilko (Matt Wilkinson) está surfando de forma incrível desde o primeiro evento do ano e eu não sei quem pode parar esse cara. Esta é sua terceira final em cinco etapas e estou muito feliz por ter feito esta final contra ele”.
JEEP WSL LEADER – Na grande final, Matt Wilkinson estava muito mais desgastado, pois tomou várias séries na cabeça durante a semifinal australiana com Adrian Buchan. Antes, já tinha feito um grande combate contra John John Florence, derrotando-o pela segunda vez nos tubos de Cloudbreak, no tipo de mar que o havaiano é especialista e apontado pelos próprios competidores como um dos melhores do mundo. O seu melhor tubo na sexta-feira foi nessa bateria e o 7,73 recebido decidiu a vitória por 14,63 a 10,93 pontos. Contra Buchan, computou um 7,50 no placar de 13,33 a 12,00 para chegar em sua terceira final na temporada, já com a lycra amarela do Jeep WSL Leader garantida para competir em Jeffreys Bay, na África do Sul.
“Eu estou realmente feliz com o segundo lugar, mas eu estava exausto na bateria final”, disse Matt Wilkinson. “Foi um pouco decepcionante não conseguir surfar nenhum grande tubo. Já o Gabriel (Medina) foi inacreditável lá fora e mereceu vencer. Já estamos no meio do ano e eu nem sonhava estar na situação que estou agora. Todo mundo, obviamente, vai vir para cima de mim, então não é tempo de tirar o pé do acelerador. Eu estou indo para J-Bay muito focado e preparado para fazer o meu melhor lá também”.
CAMPEÕES MUNDIAIS – O mar no último dia estava enorme, várias pranchas foram partidas na zona de impacto das séries de mais de 3 metros de altura, as maiores da temporada. O atual campeão mundial Adriano de Souza e Kelly Slater foram dois deles, quando enfrentaram Gabriel Medina. O confronto brasileiro abriu a sexta-feira e as condições estavam muito difíceis, com a maioria das ondas fechando. Mas, Medina adotou uma tática que deu em certo em todas as suas baterias em Fiji, de ficar ativo indo em várias ondas até conseguir as notas que precisava para liquidar seus adversários.
Contra Adriano de Souza, não tiveram muitos tubos, mas Medina achou o dele para vencer por 10,86 a 8,33 pontos. A última vez que eles se enfrentaram tinha sido na final do Billabong Pipe Masters e no Havaí Mineirinho coroou a conquista do título mundial de 2015 com a primeira vitória verde-amarela no maior palco do esporte. Mas, Medina também já havia conseguido mais um feito inédito para o Brasil e para a sua carreira, o de campeão da Tríplice Coroa Havaiana garantido na semifinal contra o tricampeão mundial Mick Fanning.
“Foi um dia difícil para mim lá fora hoje”, lamentou Adriano de Souza. “Eu tomei várias ondas na minha cabeça, quebrei a prancha, não deu nada certo. O Gabriel (Medina) tem muitos recursos, é muito esperto e pegou as ondas certas. No final, ainda veio uma onda para mim, eu precisava de um 5 (nota), tentei ficar mais profundo no tubo, mas não consegui sair. Mesmo assim, estou contente pelo quinto lugar, que é um bom resultado quando se olha para o ano inteiro. Agora já estou mudando o foco para J-Bay, mas antes vou ficar mais uma semana aqui para surfar mais tubos”.
Já a sua segunda atuação de Medina na sexta-feira foi mais brilhante e ele mostrou muita competitividade para derrotar o recordista com quatro vitórias em Fiji, Kelly Slater. O maior ídolo do esporte tinha surfado tubos incríveis no segundo duelo do dia contra o brasileiro Wiggolly Dantas. No melhor, recebeu a maior nota do último dia, 9,80, depois completou outro que valeu 8,90 e ainda descartou uma nota 8,00. Guigui nada pode fazer, mas repetiu o excelente quinto lugar do ano passado. O posicionamento de Slater no mar, mais próximo da bancada de corais, chamou a atenção e foi ali que ele fez o maior placar da sexta-feira, 18,70.
DUELO NOTA 10 – E foi também onde Medina vingou a derrota sofrida para Slater na final do Fiji Pro de 2012, na primeira vez que ele competiu nos tubos de Cloudbreak. O fenômeno do surfe brasileiro recebeu nota 8,40 no melhor tubo da bateria, que somou com 6,27 para vencer por 14,67 a 12,03 pontos. Era o encontro dos dois únicos surfistas que tiraram nota 10 dos juízes em Fiji esse ano e Medina deu um nó tático em Slater, usando muito bem a prioridade para bloquear uma onda que ele entrou já buscando o tubo e parecia ser boa. Para o americano não deu nada certo e até quebrou sua prancha numa das tentativas de reverter o resultado.
“Estou feliz porque eu surfei bem neste campeonato”, disse Kelly Slater. “Eu sinto que finalmente botei o computador trabalhando no meu cérebro de novo, mas peguei um par de vírus nessa bateria. Eu poderia estar aqui mais contente pela bateria que fiz antes (com Wiggolly Dantas) e nos outros dias também, mas nessa o Gabriel (Medina) pegou as melhores ondas e fez o jogo da bateria da maneira certa. Eu tive minhas chances e fiz uns três ou quatro erros, mas estou bem mais animado e já ansioso para J-Bay”.
A atuação de Gabriel Medina nos tubos de Cloudbreak é impressionante. Essa foi a sua terceira final nas cinco etapas que competiu em Fiji. A primeira foi logo em sua estreia nas ondas do Pacífico Sul em 2012, quando perdeu para Kelly Slater. Depois engatou uma sequência de ano sim, ano não. Em 2014 foi o campeão na decisão contra outro norte-americano, Nat Young. Agora, conquista o bicampeonato batendo o líder do ranking, Matt Wilkinson.
BRASIL TOP-5 – Com os 10.000 pontos da vitória no Fiji Pro, Gabriel Medina saltou do nono lugar no ranking para tirar a segunda posição do havaiano John John Florence, que era de outro brasileiro quando começou a etapa, Italo Ferreira. Medina e John John são os únicos que têm chances matemáticas de superar o australiano na próxima etapa, mas só com a vitória no J-Bay Open. O potiguar agora é o quarto colocado e o atual campeão mundial Adriano de Souza passou a fechar o seleto grupo dos top-5 do Jeep WSL Leaderboard.
O estreante na “seleção brasileira” do CT esse ano, Caio Ibelli, não conseguiu vencer nenhuma bateria na sua estreia em Fiji e caiu do quinto para o oitavo lugar. Já Wiggolly Dantas, que só perdeu para Kelly Slater em Cloudbreak, subiu de uma perigosa 21.a posição para a 13.a, empatado com californiano Nat Young. Filipe Toledo ficou na terceira fase e desceu da 14.a para a 17.a e Miguel Pupo continua fechando o grupo dos 22 primeiros que são mantidos na elite dos top-34 para o próximo ano.
FORA DA ELITE – Apesar da brilhante campanha em Fiji esse ano, sendo o único a derrotar Gabriel Medina em Cloudbreak na primeira fase, o potiguar Jadson André conseguiu seu melhor resultado na temporada com o nono lugar, mas continua fora da zona de classificação para o CT 2017, em 28.o lugar no ranking. Ele estava em 34.o, uma acima de Kelly Slater, que subiu para a 26.a posição e também permanece na zona do rebaixamento para o WSL Qualifying Series. Os dois não disputaram todas as etapas esse ano. Jadson se contundiu na de Bells Beach e não competiu em Margaret River, enquanto Slater cancelou sua vinda ao Brasil para disputar o Oi Rio Pro na capital carioca.
Mais dois surfistas completam a relação dos dez integrantes da “seleção brasileira”. O catarinense Alejo Muniz ficou de fora das duas primeiras etapas da temporada por contusão e divide a trigésima posição com o francês Jeremy Flores e o australiano Matt Banting. Já o estreante na elite, Alex Ribeiro, ainda não conseguiu vencer nenhuma bateria das dez que disputou nas cinco etapas e ocupa a 38.a colocação. O próximo desafio do Samsung Galaxy World Surf League Championship Tour 2016 será o J-Bay Open nos dias 6 a 17 de julho nas direitas de Jeffreys Bay, na África do Sul.
Mais informações, vídeos das baterias, fotos e os resultados do Fiji Pro podem ser acessados no worldsurfleague.com
SOBRE A WORLD SURF LEAGUE – A missão da Liga Mundial de Surf é inspirar uma mudança positiva para o surf, nossos fãs, e para o meio ambiente. Antes denominada Association of Surfing Professionals, a WSL tem promovido os principais campeonatos de surf desde 1976, decidindo os campeões mundiais no Samsung Galaxy WSL Championship Tour masculino e feminino, o Big Wave Tour, o Qualifying Series, o Junior, o Longboard e produzindo eventos como o WSL Big Wave Awards. A WSL possui um profundo apreço pelo passado do esporte, promovendo ao mesmo tempo o desenvolvimento, inovação e desempenho no mais alto nível. Nós colocamos os melhores surfistas do mundo nas melhores ondas do mundo.
Exibindo o melhor do surf em sua plataforma digital através da worldsurfleague.com, a WSL tem energizado sua legião de fãs apaixonados com milhões de novos fãs pelo mundo, todos sintonizados acompanhando ao vivo as grandes estrelas do surf mundial, como Kelly Slater, Filipe Toledo, Gabriel Medina, Adriano de Souza, Makua Rothman, Grant “Twiggy” Baker, Greg Long, Stephanie Gilmore, John John Florence, Carissa Moore, entre outros, competindo no ambiente mais dinâmico e imprevisível de todos os esportes.
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João Carvalho – WSL South America Media Manager – jcarvalho@worldsurfleague.com
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RESULTADOS DO ÚLTIMO DIA DO FIJI PRO:
Campeão: Gabriel Medina (BRA) por 15,60 pontos (notas 8,27+7,33) – US$ 100.000 e 10.000 pontos
Vice-campeão: Matt Wilkinson (AUS) com 6,34 pontos (4,17+2,17) – US$ 50.000 e 8.000 pontos
SEMIFINAIS – 3.o lugar com 6.500 pontos e US$ 25.000 de prêmio:
1.a: Gabriel Medina (BRA) 14.67 x 12.03 Kelly Slater (EUA)
2.a: Matt Wilkinson (AUS) 13.33 x 12.00 Adrian Buchan (AUS)
QUARTAS DE FINAL DO FIJI PRO – 5.o lugar com 5.200 pontos e US$ 16.500 de prêmio:
1.a: Gabriel Medina (BRA) 10.86 x 8.83 Adriano de Souza (BRA)
2.a: Kelly Slater (EUA) 18.70 x 9.40 Wiggolly Dantas (BRA)
3.a: Adrian Buchan (AUS) 14.60 x 13.40 Mick Fanning (AUS)
4.a: Matt Wilkinson (AUS) 14.63 x 10.93 John John Florence (HAV)
TOP-22 DO JEEP WSL RANKING – após a quinta etapa nas Ilhas Fiji:
1.o: Matt Wilkinson (AUS) – 32.500 pontos
2.o: Gabriel Medina (BRA) – 24.000
3.o: John John Florence (HAV) – 23.900
4.o: Italo Ferreira (BRA) – 20.500
5.o: Adriano de Souza (BRA) – 20.400
6.o: Sebastian Zietz (HAV) – 18.000
7.o: Adrian Buchan (AUS) – 17.950
8.o: Caio Ibelli (BRA) – 17.700
9.o: Michel Bourez (TAH) – 16.700
10: Jordy Smith (AFR) – 16.000
11: Kolohe Andino (EUA) – 14.700
12: Joel Parkinson (AUS) – 14.450
13: Nat Young (EUA) – 14.400
13: Wiggolly Dantas (BRA) – 14.400
15: Julian Wilson (AUS) – 13.500
16: Mick Fanning (AUS) – 13.450
17: Filipe Toledo (BRA) – 13.250
18: Conner Coffin (EUA) – 11.950
19: Dusty Payne (HAV) – 11.450
20: Kanoa Igarashi (EUA) – 11.000
20: Stu Kennedy (AUS) – 11.000
22: Miguel Pupo (BRA) – 10.950
——–outros top-34 do Brasil:
28: Jadson André (BRA) – 7.250 pontos
30: Alejo Muniz (BRA) – 6.250
38: Alex Ribeiro (BRA) – 2.500
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