Miguel Pupo é o campeão do Outerknown Tahiti Pro nos tubos de Teahupo´o

By WSL Latin America | 19 de agosto de 2022 | noticias, principal

TEAHUPO´O, Taiti, Polinésia Francesa (Sexta-feira, 19 de agosto de 2022)Miguel Pupo é o novo campeão do Outerknown Tahiti Pro, surfando os melhores tubos que entraram na final contra o taitiano Kauli Vaast em Teahupo´o. A vitória na etapa mais desafiadora do World Surf League (WSL) Championship Tour, foi a primeira em 10 anos de carreira na divisão de elite do surfe mundial. Para chegar em sua primeira decisão de título, Miguel Pupo passou por Caio Ibelli, que terminou em terceiro lugar, como Tatiana Weston-Webb, que também perdeu nas semifinais para a campeã nos tubos de Teahupo´o, a californiana Courtney Conlogue.

Miguel Pupo, Courtney Conlogue, Brisa Hennessy e Kauli Vaast (Foto: Damien Poullenot)

“Demorei 10 anos, mas finalmente consegui uma vitória e vou para casa com um troféu de campeão. Obrigado a todos da minha família, da minha equipe e principalmente à Deus”, disse Miguel Pupo, logo após a vitória. “Foi muito trabalho duro para chegar até aqui. Eu sempre acreditei no meu talento, mas recentemente decidi me dedicar mais, trabalhar mais, treinar mais. Só minha esposa sabe o quanto me dediquei esse ano. Ficava com o corpo todo dolorido, indo pra academia duas vezes por dia e ainda fazendo várias sessões de surfe. Agora, finalmente veio o resultado, a recompensa de tanto esforço e estou muito feliz por estar levando este troféu para casa”.

As vitórias valeram o mesmo prêmio de 100 mil dólares para as categorias masculina e feminina. A World Surf League foi a primeira liga mundial a adotar o princípio da igualdade para homens e mulheres. Com os 10.000 pontos do primeiro lugar no Outerknown Tahiti Pro, Miguel Pupo terminou em sexto lugar no ranking final da sua melhor temporada e Courtney Conlogue subiu da décima para a sétima posição na classificação geral das dez etapas de 2022.

Miguel Pupo e Courtney Conlogue (Foto: Damien Poullenot/World Surf League)

Agora, todas as atenções se voltam para o Rip Curl WSL Finals, que vai decidir os campeões mundiais no melhor dia de ondas em Lower Trestles, na Califórnia, no período de 8 a 16 de setembro. Três surfistas da “seleção brasileira” vão disputar os títulos, Filipe Toledo, Italo Ferreira e Tatiana Weston-Webb. Os três participaram da estreia deste sistema mata-mata entre os top-5 e as top-5 dos rankings no ano passado, com Filipe e Tatiana terminando como vice-campeões mundiais, perdendo a melhor de três para Gabriel Medina e Carissa Moore.

Não fosse o japonês Kanoa Igarashi ter conseguido um tubo no último minuto contra Jadson André nas oitavas de final, disputadas na quinta-feira, Miguel Pupo seria mais um brasileiro classificado para o Rip Curl WSL Finals. A vitória no Taiti era sua única chance, mas Kanoa não poderia ter passado para as quartas de final. O japonês foi sua primeira vítima na sexta-feira e depois passou por Caio Ibelli, também pegando os melhores tubos da bateria.

COINCIDÊNCIAS – Curiosamente, a temporada 2022 do WSL Championship Tour começou e terminou com os dois disputando as semifinais. A diferença é que nos tubos de Teahupo´o, eles se enfrentaram, enquanto em Banzai Pipeline, no Havaí, ambos terminaram em terceiro lugar, com Miguel Pupo perdendo para Kelly Slater e Caio Ibelli para o havaiano Seth Moniz. Slater também chegou nas semifinais do Outerknown Tahiti Pro, mas Kauli Vaast pegou todos os tubos que entraram na bateria e venceu fácil o maior ídolo do esporte.

Miguel Pupo reinou nos tubos da sexta-feira (Foto: Damien Poullenot/World Surf League)

Outra coincidência. A última e única vez que um surfista do Taiti tinha decidido o título em Teahupo´o, foi em 2008 e contra um brasileiro. O resultado foi o mesmo, com Bruno Santos conquistando a primeira vitória verde-amarela na final contra Manoa Drollet, que também entrou no campeonato vencendo a triagem, como Kauli Vaast. Depois, Gabriel Medina conseguiu duas vitórias em cinco finais disputadas no Taiti, em 2014 batendo Kelly Slater e em 2018 contra Owen Wright. Agora, Miguel Pupo escreve seu nome na história, com o quarto título brasileiro em 22 edições do desafio nos tubos de Teahupo´o.

DECISÃO DO TÍTULO – A decisão do Outerknown Tahiti Pro começou sem entrar nada de ondas nos primeiros 10 minutos. A bateria foi então reiniciada para mais 35 minutos e Miguel logo pegou a primeira onda, dropou já acelerando para botar pra dentro do tubo, ficou bem profundo e saiu. A onda não era tão grande, mas valeu nota 7,00. Kauli respondeu com um belo tubo numa onda bem maior, com uma boca gigante, porém a onda o derrubou na saída. O taitiano pega outro tubo numa onda pequena, que recebeu 4,83.

Miguel escolhe bem sua segunda onda, um tubo limpo, profundo, muito bem surfado e aumenta a vantagem com nota 5,83. Aí vem a calmaria e a próxima série só entra 6 minutos depois, com Pupo fazendo mais um tubaço e saindo limpo, para trocar o 5,83 por 7,33. Kauli Vaast pega uma onda que roda um bom tubo e iguala o 7,33. Mas, Miguel entra na de trás, que é maior, ele some lá dentro, duas placas caem a sua frente e sai na baforada com os braços abertos, vibrando. Os juízes dão nota 9,00, avaliando ter sido o melhor tubo do dia.

Miguel Pupo (Foto: Damien Poullenot/World Surf League)

O taitiano fica precisando de 9,01 para vencer nos 13 minutos finais e surfa seu melhor tubo também, com a nota 7,37 diminuindo a desvantagem para 8,97. Só que Miguel estava abençoado e entra em outra onda muito boa, acelera dentro do tubo, fica bem profundo lá dentro e sai na baforada de novo, completando com um lindo cutback para receber 8,17. O taitiano passa a precisar de 9,80 e pega um tubaço também, bem longo, que vale 7,63.

Kauli Vaast ainda precisava de uma nota excelente, acima de 9,53 para vencer. Faltando 4 minutos para o término, ele pega uma onda grande, da série, tenta passar pelas placas, mas a boca do tubo fecha tudo e Miguel Pupo fica com o título por 17,17 a 15,00 pontos. A sua primeira vitória veio em uma das ondas mais perigosas do mundo e que será o palco do surfe nas próximas Olimpíadas, dos Jogos da França de 2024.

CAMINHO DO TÍTULO – O caminho do título no Outerknown Tahiti Pro começou com Miguel perdendo por uma pequena diferença de 15,63 a 15,27 pontos, na onda surfada no último minuto pelo australiano Connor O´Leary. Também no final da bateria, derrotou Nat Young na repescagem por 14,93 a 12,90. Depois, também surfou os melhores tubos contra Jake Marshall nas oitavas de final, Kanoa Igarashi nas quartas de final e Caio Ibelli nas semifinais.

Foi a melhor campanha da sua carreira nos tubos de Teahupo´o. Nos outros 7 anos que Miguel Pupo participou da etapa do Taiti, só tinha passado duas baterias, uma em 2012 e uma em 2013. Depois disso, terminou em último lugar perdendo na primeira fase e na repescagem em 2014, 2015, 2016, 2017 e em 2018. Foi justamente no lugar que tinha o pior retrospecto, onde conquistou sua primeira vitória, para coroar a décima temporada como a melhor da carreira.

Miguel Pupo (Foto: Damien Poullenot/World Surf League)

13 VITÓRIAS – Enquanto Miguel Pupo festejou seu primeiro título em etapas do CT, a norte-americana Courtney Conlogue colecionou a sua 13.a vitória em 17 finais disputadas. Só que já fazia tempo que não sentia essa emoção, pois o último troféu de campeã tinha sido em 2019, em Bells Beach, na Austrália. Courtney era uma das duas únicas surfistas que chegaram no Taiti, sem chances matemáticas na briga pelas três últimas vagas para o Rip Curl WSL Finals.

A última foi decidida na bateria que fechou as quartas de final, com a costa-ricense Brisa Hennessy confirmando seu nome na vitória sobre a californiana Lakey Peterson. Depois disso, só restou uma disputa a ser definida, pelo segundo lugar no ranking. As únicas que poderiam tirar a posição da francesa Johanne Defay, eram Tatiana Weston-Webb e Brisa Hennessy.

A brasileira tinha começado bem essa busca, pegando belos tubos contra Caroline Marks na abertura das quartas de final. Se passasse para a grande final, já garantia a vice-liderança no ranking, mas enfrentou uma destemida Courtney Conlogue, que também tinha surfado bons tubos contra Stephanie Gilmore, fazendo o maior placar feminino do Outerknown Tahiti Pro, 15,33 pontos com notas 7,83 e 7,50. Só que não entraram muitas ondas na semifinal. Tatiana até se jogou nos tubos, que fechavam, mas foi derrotada por 7,66 a 7,30 pontos.

Tatiana Weston-Webb (Foto: Damien Poullenot/World Surf League)

“Estou muito grata pela oportunidade de surfar aqui, especialmente contra a Courtney, que é uma tuberider incrível, ainda mais de backside que é bem difícil aqui”, disse Tatiana Weston-Webb. “Eu tentei de tudo, me joguei numa onda ali que a prancha até quebrou, mas tudo bem. Às vezes, as coisas não dão certo para você, mas estou orgulhosa do que fiz aqui. Adoro Teahupo´o, é um dos lugares mais lindos do mundo e quero agradecer a todos que me apoiaram, especialmente meu marido (o surfista Jessé Mendes), te amo”.

A outra semifinal também foi fraca de ondas e Brisa Hennessy derrotou Vahine Fierro por 7,90 a 2,97. A taitiana tinha barrado a pentacampeã mundial Carissa Moore nas quartas de final e dividiu o terceiro lugar com Tatiana Weston-Webb. A surfista da Costa Rica tinha que vencer o campeonato, para assumir a vice-liderança do ranking. Mas, Courtney Conlogue novamente pegou as melhores ondas, surfou um bom tubo e se tornou a primeira campeã em Teahupo´o, depois de 16 anos da última etapa feminina do CT no Taiti.

Brisa Hennessy e Courtney Conlogue (Foto: Damien Poullenot/World Surf League)

“Fazia muito tempo que eu não conseguia uma vitória e estou muito feliz por ter sido aqui, nesse lugar incrível”, disse Courtney Conlogue. “Eu amo essa onda, é tão mágica e me sinto privilegiada por vencer aqui. Foi muito bom fazer a final com a Brisa (Hennessy) e esta é a maneira perfeita para terminar o ano. Esta vitória vai para todos meus amigos, minha família e patrocinadores, pois eu não estaria aqui se não fossem eles. Agradeço também à WSL, por trazer as mulheres de volta para competir aqui”.

RIP CURL WSL FINALS – O Outerknown Tahiti Pro fechou a disputa pelas vagas para a decisão dos títulos mundiais no Rip Curl WSL Finals, que pelo segundo ano consecutivo será realizada nas ondas de alta performance de Lower Trestles, em San Clemente, na Califórnia, onde mora o líder do ranking, Filipe Toledo. A batalha vai começar com uma reedição da final olímpica dos Jogos de Tóquio 2020, com o medalha de ouro, Italo Ferreira, enfrentando o japonês Kanoa Igarashi.

Quem vencer, pega o terceiro colocado do ranking, Ethan Ewing. Quem passar desse segundo duelo, terá que desafiar o vice-líder, o também australiano Jack Robinson. E o ganhador desta terceira bateria, vai decidir o título mundial de 2022 numa melhor de três confrontos com Filipe Toledo. O campeão será quem vencer duas vezes.

Na categoria feminina, a briga começa com a heptacampeã mundial, Stephanie Gilmore, enfrentando Brisa Hennessy, da Costa Rica. A ganhadora, já encara a vice-campeã mundial no Rip Curl WSL Finals de 2021, a brasileira Tatiana Weston-Webb. Quem passar, pega a vice-líder do ranking, Johanne Defay, da França, para definir a adversária da havaiana Carissa Moore na decisão do título de 2022, também em uma melhor de três baterias.

RESULTADOS DO ÚLTIMO DIA DO OUTERKNOWN TAHITI PRO:
Campeão: Miguel Pupo (BRA) por 17,17 pts (9,00+8,17) – US$ 100.000 e 10.000 pts
Vice-campeão: Kauli Vaast (FRA) com 15,00 pts (7,63+7,37) – US$ 63.000 e 7.800 pts

SEMIFINAIS – 3.o lugar com US$ 40.000 e 6.085 pontos:
1.a: Kauli Vaast (FRA) 17,33 x 1,17 Kelly Slater (EUA)
2.a: Miguel Pupo (BRA) 13,50 x 7,57 Caio Ibelli (BRA)

QUARTAS DE FINAL – 5.o lugar com US$ 20.000 e 4.745 pontos:
1.a: Kauli Vaast (FRA) 12,26 x 5,23 Matthew McGillivray (AFR)
2.a: Kelly Slater (EUA) 14,77 x 14,10 Yago Dora (BRA)
3.a: Caio Ibelli (BRA) 11,00 x 10,76 Nathan Hedge (AUS)
4.a: Miguel Pupo (BRA) 13,07 x 11,04 Kanoa Igarashi (JPN)

DECISÃO DO TÍTULO FEMININO
Campeã: Courtney Conlogue (EUA) por 11,67 pts (7,17+4,50) – US$ 100.000 e 10.000 pts
Vice-campeã: Brisa Hennessy (CRI) com 5,20 pts (3,77+1,43) – US$ 63.000 e 7.800 pts

SEMIFINAIS – 3.o lugar com US$ 40.000 e 6.085 pontos:
1.a: Courtney Conlogue (EUA) 7,66 x 7,30 Tatiana Weston-Webb (BRA)
2.a: Brisa Hennessy (CRI) 7,90 x 2,97 Vahine Fierro (FRA)

QUARTAS DE FINAL – 5.o lugar com US$ 20.000 e 4.745 pontos:
1.a: Tatiana Weston-Webb (BRA) 12,66 x 4,23 Caroline Marks (EUA)
2.a: Courtney Conlogue (EUA) 15,33 x 4,16 Stephanie Gilmore (AUS)
3.a: Vahine Fierro (FRA) 10,00 x 3,26 Carissa Moore (HAV)
4.a: Brisa Hennessy (CRI) 10,10 x 8,14 Lakey Peterson (EUA)

TOP-10 WORLD SURF LEAGUE 2022 – 10 etapas
1.o: Filipe Toledo (BRA) – 54.690 pontos
2.o: Jack Robinson (AUS) – 51.345
3.o: Ethan Ewing (AUS) – 44.290
4.o: Italo Ferreira (BRA) – 40.460
5.o: Kanoa Igarashi (JPN) – 40.270
6.o: Miguel Pupo (BRA) – 40.185
7.o: Griffin Colapinto (EUA) – 40.120
8.o: Caio Ibelli (BRA) – 34.195
9.o: Connor O´Leary (AUS) – 33.505
10.o: Samuel Pupo (BRA) – 33.230
10.o: Callum Robson (AUS) – 33.230
——–outros brasileiros:
19: Yago Dora (BRA) – 22.625 pontos
21: Jadson André (BRA) – 21.355
24: Gabriel Medina (BRA) – 17.220

RANKING WORLD SURF LEAGUE 2022 – 10 etapas
1.a: Carissa Moore (HAV) – 57.670 pontos
2.a: Johanne Defay (FRA) – 50.220
3.a: Tatiana Weston-Webb (BRA) – 48.695
4.a: Brisa Hennessy (CRI) – 48.085
5.a: Stephanie Gilmore (AUS) – 46.370
6.a: Lakey Peterson (EUA) – 43.750
7.a: Courtney Conlogue (EUA) – 42.100
8.a: Tyler Wright (AUS) – 39.070
9.a: Gabriela Bryan (HAV) – 37.765
10.a: Isabella Nichols (AUS) – 37.285

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João Carvalho – WSL Latin America Media Manager – jcarvalho@worldsurfleague.com

Gabriel Gontijo – WSL Latin America Communications – ggontijo@worldsurfleague.com


SOBRE A WSL: A World Surf League (WSL) promove as principais competições de surfe no planeta, coroando os campeões mundiais desde 1976, com os melhores surfistas do mundo se apresentando nas melhores ondas do mundo. A WSL é composta por uma divisão de Circuitos e Competições, que supervisiona e opera mais de 180 eventos globais a cada ano; pela WSL WaveCo, que produz as melhores ondas artificiais de alta performance; e pela WSL Studios, com produções independentes de conteúdos e projetos com e sem roteiros.

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