Owen Wright barra Medina e vence final australiana no Quiksilver Pro
By João Carvalho | 19 de março de 2017 | noticias
A vitória no Quiksilver Pro Gold Coast marcou o retorno triunfal de Owen Wright ao circuito mundial na etapa de abertura do World Surf League Championship Tour 2017 na Austrália. Depois do grave acidente caindo de cabeça na bancada de Pipeline em 2015, só voltou a competir esse ano, após uma longa recuperação cercada de expectativas. Ele barrou Gabriel Medina nas semifinais e ganhou a decisão australiana com o defensor do título na Gold Coast, Matt Wilkinson. Para completar a festa australiana na lotada Snapper Rocks no domingo, Stephanie Gilmore derrotou a americana Lakey Peterson e igualou o recorde de vitórias de Kelly Slater na Gold Coast com seu sexto troféu de campeã do Roxy Pro. Owen Wright e Stephanie Gilmore vão competir com a lycra amarela do Jeep WSL Leader na etapa de Margaret River, que começa em 29 de março também na Austrália.
“No início de fevereiro, eu estava sentado no consultório do médico e cheio de pontos de interrogação para esse ano, então estar aqui agora é quase inacreditável”, contou Owen Wright. “Eu enfrentei todo medo de voltar a viver isso. Foram muitos medos durante muito tempo que eu precisei superar para voltar para o esporte, voltar a fazer o que quase me foi tirado e poderia ter tirado para sempre. Eu continuei acreditando, lutando, e estou muito contente por poder continuar fazendo isso. Certamente não conseguiria sem o apoio dos meus amigos e familiares, mas é isto o que eu amo, o que eu adoro fazer”.
Os australianos largaram na frente na corrida dos títulos mundiais e Gabriel Medina começa bem a temporada também em terceiro lugar, empatado com o atual campeão John John Florence, que perdeu a lycra amarela do Jeep WSL Leader com a derrota para Matt Wilkinson na última onda surfada pelo australiano nas semifinais. As condições estavam difíceis para competir no domingo, que amanheceu com chuva e mar mexido com ondas de 3-4 pés em Snapper Rocks. Mas, todos os competidores tiveram suas chances de surfar nas baterias.
Desde 1988 não acontecia uma final na Gold Coast entre dois goofy-footers, que surfam com o pé direito à frente da prancha e de costas para direitas como as de Snapper Rocks. E as melhores ondas só foram surfadas no final da bateria. Owen Wright encaixou uma série incrível de manobras com um backside vertical e progressivo para tirar nota 8,33 dos juízes, que confirmou sua terceira vitória na carreira por 14,66 a 13,50 pontos. Matt Wilkinson ganhou 6,90 em sua melhor onda e não conseguiu o bicampeonato no Quiksilver Pro, com Owen Wright ganhando o prêmio máximo de 100.000 dólares e a lycra amarela do Jeep WSL Leader.
“Chegar em outra final seguida aqui já é um sonho”, disse Matt Wilkinson. “Obviamente que eu queria vencer, mas o Owen (Wright) me fez chorar cinco vezes essa semana e merece tudo o que aconteceu para ele aqui hoje (domingo). Ver como ele estava no ano passado, foi uma das coisas mais difíceis que vivi. E vê-lo aqui nesse evento, foi uma das coisas mais incríveis. Ganhando o campeonato ainda, é surreal. Eu não poderia ter perdido para uma pessoa melhor. Ele já me inspirou tanto e ver ele voltar a competir assim é quase irreal. Eu me sinto muito mais confiante, meu surfe melhorou e estou muito animado para ir em busca do título mundial”.
MEDINA NA SEMIFINAL – Outro grande momento do campeão no domingo foi na semifinal contra Gabriel Medina. A condição do mar estava bem mais difícil, com poucas ondas boas entrando na bateria e as melhores foram surfadas pelo australiano. Para preservar o joelho da torção sofrida na quinta-feira, Medina não usou os aéreos, mas manobrou forte, atacando as ondas nas partes mais críticas com a potência do seu backside.
Ele começa com nota 6,17 e Owen responde com 7,17 nas duas únicas ondas boas da primeira metade da bateria. O australiano fica mais ativo, pega mais ondas e consegue um 5,67. Depois, usa bem a prioridade e escolhe uma boa onda para verticalizar as manobras, fazer grandes arcos e ganhar 8,57. Com essa nota, abriu 9,57 pontos sobre Medina nos minutos finais, mas não entrou outra onda com potencial para tanto e o placar ficou em 15,74 a 10,44 pontos.
“Infelizmente não deu para chegar na final, mas estou feliz também pelo resultado por ter competido com o joelho machucado”, disse Gabriel Medina. “Eu não achava que iria tão longe e começar o ano com um terceiro lugar é um bom resultado também. Fiquei feliz também pelo Owen (Wright). Ele passou por momentos muito difíceis, só voltou a competir esse ano e foi gratificante ver ele surfando bem de novo, então mereceu ir para a final”.
CLÁSSICO DE CAMPEÕES – Na outra bateria que disputou na manhã do domingo, Medina achou melhores ondas no clássico de campeões mundiais com Kelly Slater. Eles disputaram a última quarta de final onda a onda, decidindo a classificação nas que surfaram no último minuto. O começo foi um pouco lento, mas nos cinco minutos finais ficou eletrizante, depois de Slater assumir a ponta pela primeira vez com uma nota 6,33. Medina fica precisando de 6,00 para vencer e, há 3 minutos do fim, surge uma direita que parece ser boa para ele, mas Slater usa sua prioridade de escolha e pega a onda na sua frente.
Só que o brasileiro teve outra chance no último minuto. A onda fica em pé, ele manda uma batida muito forte de cabeça pra baixo, segue rasgando a parede até ela formar de novo e vai mandando pauladas de backside, floater, mais batidas e finaliza comemorando bastante. Slater também destrói a onda de trás que fecha a bateria e a praia fica em suspense. Os dois saíram juntos do mar se cumprimentando e a decisão ficou para os juízes. As notas demoram a sair e Medina e Slater ouvem o resultado juntos na área dos atletas. A primeira a ser divulgada foi o 9,17 de Medina. E a do Slater foi 7,50 pra alegria da grande torcida do brasileiro que vibrou bastante na praia pela vitória por 14,34 a 13,83 pontos.
DEFENSORES DE TÍTULOS – Na primeira semifinal, se enfrentaram os defensores dos títulos, o campeão mundial John John Florence e o do Quiksilver Pro, Matt Wilkinson. O havaiano começou forte numa onda incrível que arrancou 9,5 dos juízes. O australiano conseguiu 7,83 em sua melhor onda e precisava de uma nota mais alta para vencer. John John liderou toda a bateria, mas no final Wilko arriscou tudo na sua última onda e ganhou de virada por 15,90 a 15,50 com a nota 8,07 recebida, carimbando a faixa do campeão mundial.
“Em baterias assim, não se tem o que fazer, ou como eu poderia ter feito de forma diferente”, disse John John Florence. “É engraçado porque foi quase igual ao que aconteceu para mim aqui no ano passado contra o Stuart Kennedy. Mas, estou feliz, o terceiro lugar é o meu melhor resultado aqui em Snapper Rocks e temos um longo ano pela frente. Qualquer coisa pode acontecer ainda e estou animado para chegar mais cedo em Margaret River e tentar surfar alguns tubos antes de todos chegarem lá”.
BRASIL NO DOMINGO – A única vitória de John John Florence no último dia foi contra o outro brasileiro que competiu no domingo. O dono da primeira nota 10 do ano no CT, Italo Ferreira, pegou a primeira onda da bateria e já mandou um aéreo que não conseguiu completar. O havaiano pega a segunda atrás da pedra de Snapper, surfa um belo tubo e sai manobrando uma boa direita para largar na frente com nota 8,83. As ondas demoravam a entrar e outra série boa só veio quando restavam 10 minutos para o término. Foi quando Italo conseguiu mostrar o seu surfe agressivo de backside, manobrando forte com velocidade numa longa direita que valeu nota 6,5, passando a precisar de 5,01 para vencer.
Só que o havaiano também surfa bem de novo outra onda boa, apresenta seu arsenal de manobras modernas e progressivas e soma um 6,03, abrindo 8,37 de vantagem sobre o brasileiro. Italo tentou a virada há 3 minutos do fim arriscando as manobras, acertou algumas, mas errou a última e a nota ficou 5,83. Quando retornou ao outside, já faltava menos de 1 minuto e a prioridade ainda era do havaiano, que controlou o tempo para vencer por 14,86 a 12,33 pontos, deixando Italo Ferreira em quinto lugar no Quiksilver Pro Gold Coast.
HEXACAMPEÃ NO ROXY PRO – No Roxy Pro, a hexacampeã mundial Stephanie Gilmore também conseguiu o hexa na Gold Coast, igualando o recorde de seis vitórias de Kelly Slater entre os homens. A decisão do título envolveu as duas únicas surfistas que tiraram nota 10 dos juízes nas ondas de Snapper Rocks. A australiana conseguiu o dela na quarta de final contra a tricampeã mundial Carissa Moore. E a norte-americana Lakey Peterson ganhou o primeiro do ano contra a brasileira Silvana Lima na segunda fase.
“Eu nem consigo acreditar, pois tenho sonhado em voltar a levantar esse troféu há muito tempo”, disse Stephanie Gilmore. “Foi muito difícil competir contra a Lakey (Peterson), que estava surfando de forma incrível, mas estou muito feliz por ter todo o apoio dessa torcida aqui. Não tem nada melhor do que ganhar em casa. Voltar a vencer um evento foi muito legal e eu adoraria ganhar outro título mundial, mas sei que isso ainda está longe”.
No domingo, as duas fizeram grandes apresentações no caminho até a final. Lakey Peterson começou o último dia barrando a atual campeã mundial, Tyler Wright, com uma massacrante “combination” de 17,10 a 9,93 pontos. E Gilmore atingiu 17,50 com nota 10 na última onda do confronto de campeãs mundiais com a havaiana Carissa Moore duas baterias depois. Nas semifinais, Lakey também atropelou a francesa Johanne Defay por 18,60 a 13,70 somando um 9,93 da sua melhor onda. Já Steph teve mais trabalho para superar Sally Fitzgibbons por 16,27 a 14,86 na disputa pela segunda vaga na grande final.
A decisão do título começou com a australiana botando pressão na americana, surfando com força e velocidade uma boa onda que valeu nota 7,93. Lakey faz apenas 4,50 na primeira, a segunda é um pouco melhor e ganha 5,83 e na terceira tira sua maior nota, 6,83. Gilmore também surfa uma onda mediana de 5 pontos, mas a terceira dela é bem melhor, abre uma parede mais longa para a australiana atacar com manobras potentes e ganhar 8,67 dos juízes. Com essa nota, confirma sua incrível sexta vitória na Gold Coast por 16,60 a 12,66 pontos.
“Não posso me queixar do resultado”, disse Lakey Peterson. “O segundo lugar também é bom, então tenho que manter a chama acessa dentro de mim. Acho que fiz um grande campeonato, surfei o meu melhor e estou contente porque as ondas funcionaram bem durante todo o evento. Competir contra a Stephanie (Gilmore) numa final aqui é muito difícil e me dá até calafrios só de lembrar. Todo mundo está surfando bem esse ano, mas certamente eu quero o título mundial. Vamos ver como vai ser em Margaret River, que é bem diferente daqui”.
O Quiksilver Pro e o Roxy Pro foram transmitidos direto da Austrália pelo www.worldsurfleague.com e pelo aplicativo da WSL e pela página da World Surf League no Facebook, com divulgação especial também pela TV Globo passando ao vivo pelo www.sportv.globo.com, além da Fox Sports na Austrália, SKY na Nova Zelândia, SFR Sports na França, SporTV em Portugal e EDGE Sports na China, Japão, Malásia e outros territórios asiáticos.
SOBRE A WORLD SURF LEAGUE – A World Surf League (WSL), antes denominada Association of Surfing Professionals (ASP), tem como objetivo celebrar o melhor surf do mundo nas melhores ondas do mundo, através das melhores plataformas de audiência. A Liga Mundial de Surf, com sede em Santa Mônica, na Califórnia, atua em todo o globo terrestre, com escritórios regionais na Austrália, África, América do Norte, América do Sul, Havaí, Europa e Japão.
A WSL vem realizando os melhores campeonatos do mundo desde 1976, promovendo os eventos que definem os campeões mundiais masculino e feminino no Championship Tour, além do Big Wave Tour, Qualifying Series e das categorias Junior e Longboard, bem como o WSL Big Wave Awards. A Liga tem especial atenção para a rica herança do esporte, promovendo a progressão, inovação e desempenho nos mais altos níveis.
Os principais campeonatos de surf do mundo são transmitidos ao vivo pelo www.worldsurfleague.com e pelo aplicativo grátis WSL app. A WSL já possui uma enorme legião de fãs apaixonados em todo o planeta que acompanha as performances dos melhores surfistas do mundo, como Gabriel Medina, John John Florence, Adriano de Souza, Kelly Slater, Stephanie Gilmore, Greg Long, Makua Rothman, Carissa Moore, entre outros, competindo no mais imprevisível e dinâmico campo de jogo entre todos os esportes no mundo, que é o mar.
Para mais informações, visite o WorldSurfLeague.com
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João Carvalho – WSL South America Media Manager – jcarvalho@worldsurfleague.com
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RESULTADOS DO ÚLTIMO DIA DO QUIKSILVER PRO GOLD COAST:
Campeão: Owen Wright (AUS) por 14,66 pontos (8,33+6,33) – US$ 100.000 e 10.000 pontos
Vice-campeão: Matt Wilkinson (AUS) com 13,50 pontos (6,90+6,60) – US$ 50.000 e 8.000 pontos
SEMIFINAIS – 3.o lugar com 6.500 pontos e US$ 25.000 de prêmio:
1.a: Matt Wilkinson (AUS) 15.90 x 15.50 John John Florence (HAV)
2.a: Owen Wright (AUS) 15.74 x 10.44 Gabriel Medina (BRA)
QUARTAS DE FINAL – 5.o lugar com 5.200 pontos e US$ 16.500 de prêmio:
1.a: Matt Wilkinson (AUS) 15.00 x 12.37 Joel Parkinson (AUS)
2.a: John John Florence (HAV) 14.86 x 12.33 Italo Ferreira (BRA)
3.a: Owen Wright (AUS) 13.00 x 11.76 Connor O´Leary (AUS)
4.a: Gabriel Medina (BRA) 14.34 x 13.83 Kelly Slater (EUA)
DECISÃO DO TÍTULO DO ROXY PRO GOLD COAST:
Campeã: Stephanie Gilmore (AUS) por 16,60 pontos (8,67+7,93) – US$ 60.000 e 10.000 pontos
Vice-campeã: Lakey Peterson (EUA) com 12,66 (notas 6,83+5,83) – US$ 30.000 e 8.000 pontos
SEMIFINAIS – 3.o lugar com 6.500 pontos e US$ 19.000 de prêmio:
1.a: Lakey Peterson (EUA) 18.60 x 13.70 Johanne Defay (FRA)
2.a: Stephanie Gilmore (AUS) 16.27 x 14.86 Sally Fitzgibbons (AUS)
QUARTAS DE FINAL – 5.o lugar com 5.200 pontos e US$ 13.875 de prêmio:
1.a: Johanne Defay (FRA) 13.44 x 9.50 Nikki Van Dijk (AUS)
2.a: Lakey Peterson (EUA) 17.10 x 9.93 Tyler Wright (AUS)
3.a: Sally Fitzgibbons (AUS) 14.00 x 13.63 Keely Andrew (AUS)
4.a: Stephanie Gilmore (AUS) 17.50 x 13.83 Carissa Moore (HAV)
TOP-22 DO WSL JEEP RANKING 2017 – resultado da 1.a etapa:
1.o: Owen Wright (AUS) – 10.000 pontos
2.o: Matt Wilkinson (AUS) – 8.000
3.o: John John Florence (HAV) – 6.500
3.o: Gabriel Medina (BRA) – 6.500
5.o: Kelly Slater (EUA) – 5.200
5.o: Joel Parkinson (AUS) – 5.200
5.o: Italo Ferreira (BRA) – 5.200
5.o: Connor O´Leary (AUS) – 5.200
9.o: Jordy Smith (AFR) – 4.000
9.o: Kolohe Andino (EUA) – 4.000
9.o: Adriano de Souza (BRA) – 4.000
9.o: Conner Coffin (EUA) – 4.000
13: Julian Wilson (AUS) – 1.750
13: Sebastian Zietz (HAV) – 1.750
13: Caio Ibelli (BRA) – 1.750
13: Mick Fanning (AUS) – 1.750
13: Stuart Kennedy (AUS) – 1.750
13: Miguel Pupo (BRA) – 1.750
13: Jeremy Flores (FRA) – 1.750
13: Jadson André (BRA) – 1.750
13: Frederico Morais (PRT) – 1.750
13: Ian Gouveia (BRA) – 1.750
———outros brasileiros:
25: Filipe Toledo (BRA) – 500 pontos
25: Wiggolly Dantas (BRA) – 500
TOP-10 DO WSL JEEP WOMEN´S RANKING – resultado da 1.a etapa:
1.a: Stephanie Gilmore (AUS) – 10.000 pontos
2.a: Lakey Peterson (EUA) – 8.000
3.a: Johanne Defay (FRA) – 6.500
3.a: Sally Fitzgibbons (AUS) – 6.500
5.a: Tyler Wright (AUS) – 5.200
5.a: Carissa Moore (HAV) – 5.200
5.a: Nikki Van Dijk (AUS) – 5.200
5.a: Keely Andrew (AUS) – 5.200
9.a: Courtney Conlogue (EUA) – 6.500
9.a: Tatiana Weston-Webb (HAV) – 6.500
13.a: Silvana Lima (BRA) – 1.750
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